sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Coração peneira


Hoje acordei querendo ter notícias suas.
No sonho chovia. Eu dentro de uma casa que desconhecia, andava de um canto para o outro da sala cercada de um vazio que há muito não sentia – nem quando acordada, vagando por trechos de textos e palavras só nossas. Como um mormaço desértico, daqueles que sufocam e não descem pela garganta de jeito nenhum, sendo assim forçada a respiração nasal, o ar que entra queimando as narinas...Era dor. Era dor e mais alguma coisa que não conseguia sintetizar, cruzando a sala vazia com o mundo se acabando em água do lado de fora.
Essa dor pairava em forma de dúvida, uma curiosidade cruel que, depois de resolvida, derrubaria num breve movimento de olhos todas as paredes de um castelo, o castelo feito por mim mas nunca meu.
Eu me perguntava com o olhar fixo nos tacos do chão da sala: quais eram os valores das coisas e pessoas pra você? Se esses valores eram também medidos por peso e que, se realmente assim fosse, como funcionaria essa balança e, em sua própria defesa, que defeito genérico você alegaria. Uma balança programada pra que nenhum item pesado atingisse pesagem suficiente pra valer coisa alguma, o mínimo que fosse. As equações e todas suas mais variadas variantes resultando invariavelmente no mesmo valor negativo. Peneira seletiva da solidão.
Nada fica do lado de dentro. Sempre seu amor e de mais ninguém.

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